Pesquisa da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, sugere que o treinamento aeróbico possa reduzir a atrofia da musculatura esquelética da insuficiência cardíaca. Foram realizados estudos tanto com animais como também com seres humanos, ambos corroboram com essa tese. Foi observado que o treinamento diminui a atividade do principal sistema de degradação de proteínas intracelulares, o ubiquitina proteassoma, que contribui para a atrofia.
Para verificar a influência do sistema foram utilizados camundongos que tiveram a inativação dos genes que codificam os receptores Alfa 2-A e Alfa 2-C adrenérgicos, levando a hiperatividade do coração. “Esses camundongos desenvolvem insuficiência cardíaca progressivamente, apresentando 50% de mortalidade aos sete meses de idade”, diz Telma. “Além disso, os animais apresentam diversas alterações no músculo esquelético, tais como, redução no número de capilares por fibra muscular, redução da área do músculo plantar, intolerância aos esforços e, dessa forma, atrofia”.
O treinamento físico aeróbico em esteira foi iniciado com camundongos aos cinco meses de idade (insuficiência cardíaca moderada), treinados por dois meses, cinco vezes por semana, uma hora por dia. “Para estabelecer o volume de treinamento desses animais, eles foram submetidos a um teste de esforço semelhante aos testes ergométricos realizados em seres humanos, inclusive em portadores de problemas cardíacos”, aponta a pequisadora. “O treinamento favoreceu o aumento da massa muscular, por meio da redução do estresse oxidativo e dos componentes do sistema ubiquitina proteassoma”.
Nos camundongos, o treinamento físico aeróbico melhorou a tolerância aos esforços e a área do músculo plantar. “Ao lado do aumento da capilarização, esses indicadores demonstram que o treinamento físico pode auxiliar na prevenção da atrofia”, aponta a pesquisadora da EEFE. Para verificar o efeito do treinamento físico em seres humanos, foram realizadas biópsias do músculo vasto lateral da perna de pacientes com insuficiência cardíaca estável, que realizavam tratamento com medicamentos, além dos exercícios.
“A análise verificou um indicador de estresse oxidativo e dois do sistema ubiquitina-proteasoma”, diz José Bianco Moreira, colaborador da pesquisa, que realizou esses experimentos na Noruega. “O treinamento físico, além de aumentar o consumo máximo de oxigênio, melhorando a capacidade de geração de energia, reduziu a atividade do sistema ubiquitina proteassoma, indicando melhora do prognóstico dos pacientes, que costuma ser piorado pela atrofia”. Os experimentos na Noruega tiveram a colaboração do professor Ulrik Wistoff, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.
As conclusões do estudo serão apresentadas em dois artigos científicos em fase de aprovação pelas publicações, um deles sobre o efeito do treinamento físico em camundongos normais. “Diferentemente do animal doente, acredita-se que nesses animais sadios a ativação do sistema ubiquitina proteassoma pelo treinamento físico contribua para o processo de reposição (turnover) de proteínas no músculo, necessário para o aumento da massa muscular”, aponta Moreira.
Temos mais um excelente motivo para nos mantermos ativos e praticar uma atividade física orientada!
Fonte: http://www.educacaofisica.com.br/noticias/treino-pode-reduzir-atrofia-muscular-na-insuficiencia-cardiaca